my life in art ou salvação através da escrita
em algum lugar da cidade
alguém se desespera
dentro de quartos mofados
quentes demais
esperando por uma salvação
que não virá nas colunas
de política
na tv
eu peço mais do que salvação
quando em noites estranhas
dissolvo meu corpo e mente
em imagens falsas de abismos
dois remédios me acalmam
os abalos sísmicos
os espelhos trocados
que deturpam e não conheço
quem eu vejo no agora
preciso de mais alguma coisa
as sentenças me encurralam
as ruas ainda cheias não dizem muito
mais do que já sei:
que o egoísmo destrói e acomoda
como eu mesma naquele ano cinza
colapso distante e perto
gosto de algo que se ganha e se perde
todos os dias do último ano
foram de despedidas
e eu chorei em quase todos eles
(uma presença de solidão
um corte profundo
textos dos diários que nunca nascem por acaso
ainda estou viva).