18.6.17

acaba esse dia na hora do desequilíbrio em que a vergonha moldada me serve como uma roupa gasta e antiquada demais. eles falaram tanto sobre esse dia, a chegada a qual aguardaram com tanto ímpeto, contaram tanto para que acontecesse, mas o incêndio de pensamentos às vezes estraga até mesmo o que poderia ser bom. e nesse caso o incêndio se tornou real.
me leva para casa, não para a sua. por favor, conta nos teus dedos as pessoas ao meu redor. todos foram embora e eu não sei como sustentar o peso da minha cabeça. levo cadernos feitos à mão como presentes caros. mas eu sequer tinha grana para entrar naquele lugar.
recebo na metade da noite frases cortantes em voz alta sobre um passado recente.
não há defesa.
o cinto me aperta
vou me abaixando dentro do carro
bato minhas mãos fechadas na cabeça
tento esmurrar quem eu sou.
por fim mancho minhas mãos e sinto culpa.
o dia acabou.